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sábado, dezembro 22, 2007

Um conto de Natal


Descobri este pequeno excerto de uma história de Natal, que partilho com todos os que passam por este espaço!

Julgo valer a pena ler este "Natal" de Miguel Torga:

(excerto)


"Entrou no alpendre, encostou o pau à parede, arreou o alforge, sacudiu-se, e só então reparou que a porta da capela estava apenas encostada. Ou fora esquecimento ou alguma alma pecadora forçara a fechadura.

Vá lá! Do mal o menos. Em caso de necessidade, podia entrar e abrigar-se dentro. Assunto a resolver na ocasião devida... Para já, a fogueira que ia fazer tinha de ser cá fora. O diabo era arranjar lenha.

Saiu, apanhou um braçado de urgueiras, voltou, e tentou acendê-las. Mas estavam verdes e húmidas, e o lume, depois dum clarão animador, apagou-se. Recomeçou três vezes, e três vezes o mesmo insucesso. Mau! Gastar os fósforos todos, é que não.

Num começo de angústia, porque o ar da montanha tolhia e começava a escurecer, lembrou-se de ir à sacristia ver se encontrava um bocado de papel.

Descobriu, realmente, um jornal a forrar um gavetão, e já mais sossegado, e também agradecido ao Céu por aquela ajuda, olhou o altar.
Quase invisível na penumbra, com o divino filho ao colo, a Mãe de Deus parecia sorrir-lhe.

- Boas festas! - desejou-lhe então, a sorrir também.

Contente daquela palavra que lhe saíra da boca sem saber como, voltou-se e deu com o andor da procissão arrumado a um canto. E teve outra ideia.

Era um abuso, evidentemente, mas paciência. Lá morrer de frio, isso vírgula! Ia escavacar o arcanho. Olarila! Na altura da romaria que arranjassem um novo.

Daí a pouco, envolvido pela negrura da noite, o coberto, não desfazendo, desafiava qualquer lareira afortunada. A madeira seca do palanquim ardia que regalava; só de se cheirar o naco de presunto que recebera em Carvas crescia água na boca; que mais faltava?

Enxuto e quente, o Garrinchas dispôs-se então a cear. Tirou a navalha do bolso, cortou um pedaço de broa e uma fatia de febra, e sentou-se. Mas antes da primeira bocada a alma deu-lhe um rebate e, por descargo de consciência, ergueu-se e chegou-se à entrada da capela. O clarão do lume batia em cheio na talha dourada e enchia depois a casa toda.

- É servida?

A Santa pareceu sorrir-lhe outra vez, e o menino também.

E o Garrinchas, diante daquele acolhimento cada vez mais cordial, não esteve com meias medidas: entrou, dirigiu-se ao altar, pegou na imagem e trouxe-a para junto da fogueira.

- Consoamos aqui os três - disse, com a pureza e a ironia dum patriarca. - A Senhora faz de quem é; o pequeno a mesma coisa; e eu, embora indigno, faço de S. José"


Feliz Natal!

terça-feira, dezembro 18, 2007

Estas eleições ainda vão fazer correr muita tinta!...


Recolhi há momentos no Público online:

"Resultados da votação ainda não foram divulgados
Candidatos à Ordem dos Enfermeiros prometem impugnar eleições
18.12.2007 - 20h38 Margarida Gomes

Dois dos candidatos que disputaram, na semana passada, as eleições para os órgãos sociais da Ordem dos Enfermeiros (OE) vão impugnar o acto eleitoral por, alegadamente, existirem “irregularidades”, sustentando que o processo “está controlado exclusivamente pela candidatura afecta à actual bastonária [Maria Augusta Sousa]”.

”O processo está armadilhado desde o início e agora entrou em roda livre, ou seja, já ninguém controla a situação e por isso é que os resultados não são divulgados”, acusa José Azevedo, em declarações ao PÚBLICO, garantindo que, independentemente do resultado, irá impugnar as eleições.

“Mesmo que vença as eleições vou impugná-las, porque não quero ficar associado a um processo que em nada dignifica a classe dos enfermeiros. Eles merecem que as eleições para os órgãos que os reapresentam sejam feitas com lisura e democraticidade e nem uma coisa nem outra foram garantidas neste caso”, insurge-se José Azevedo.

Ambos os candidatos denunciaram ontem “a existência de um conjunto de “irregularidades, desde de terem sido colocados votos nas urnas que depois não têm correspondência nos cadernos eleitorais, pessoas que não conseguiram exercer o direito de voto, como aconteceu, por exemplo, em Coimbra, à falta de um regulamento eleitoral específico”. “Todo este processo está gatado”, insiste o candidato.

Mais reservado, Carlos Folgado, que viu o seu processo rejeitado num primeiro momento pela comissão eleitoral pelo facto de a lista que apresentou para a mesa da assembleia geral e do conselho directivo nacional não reunir o termo de aceitação do cargo de todos aqueles que inclui na lista, afirma que está a reunir todos os factos que lhe têm chegado ao conhecimento e que indiciam que “o processo contém ilegalidades”. “O que está a acontecer não tem explicação. É um absurdo esta deslealdade, esta direcção está a tentar esconder algo que está na cara de toda a gente”, denuncia.

“Como é possível que os votos por correspondência não sejam escrutinados por elementos de todas as candidaturas?”, questiona Carlos Folgado, reclamando a impugnação das eleições. “Estou a reunir todas as informações de que disponho e amanhã denunciarei o que se está a passar”, promete.

Ao que o PÚBLICO apurou, os dois candidatos vão reunir-se amanhã à tarde no escritório do advogado de Carlos Folgado, em Lisboa, prevendo-se que no final do encontro possa sair uma posição conjunta que passará, segundo garantem, entre outras medidas pela impugnação do acto eleitoral para os órgãos sociais da Ordem dos Enfermeiros para o mandato 2008-2011.

As eleições para bastonário da OE realizaram-se na passada quinta-feira, mas os resultados ainda não foram divulgados. A Ordem colocou no seu site a informação de que “a divulgação dos resultados estava prevista para 17 de Dezembro, uma vez que os votos por correspondência foram recepcionados até ao dia 14. Contudo, por falta de apuramento numa das secções regionais, tal não aconteceu (...)”. A secção em causa é diz respeito à zona Sul e corresponde àquela que abrange o maior número de enfermeiros com capacidade de voto."


Parece que as mazelas deixadas por estas eleições e por um processo eleitoral atribulado, ainda estão para durar!...

segunda-feira, dezembro 17, 2007

A Enfermagem Portuguesa em debate no RCP

À espera da publicitação dos resultados das eleições para a Ordem dos Enfermeiros, deixamos aqui uma notícia e o link de uma entrevista ao Rádio Clube Português, retirada do site da Ordem dos Enfermeiros:

"O «Janela Aberta» da passada sexta-feira, 14 de Dezembro, Ana Sousa Dias, jornalista do Rádio Clube Português, entrevistou o Enf. Jacinto Oliveira, Vice-presidente da Ordem dos Enfermeiros, o Enf. Pedro Pardal, da Unidade de Saúde Familiar Gama do Centro de Saúde de Torres Vedras, e a Enf.ª Ana Cristina Mesquita, enfermeira supervisora em ambiente hospitar.

Em debate esteve a Enfermagem em Portugal, sendo que as abordagens foram feitas do ponto de vista do regulador, de quem exerce nos Cuidados de Saúde Primários e de quem trabalha num hospital. O paradoxo entre carência de enfermeiros e desemprego, a proximidade com os utentes e o relacionamento entre médicos e enfermeiros foram alguns dos aspectos focados.

Para ouvir a entrevista por favor clique no link abaixo apresentado e faça download do ficheiro."

http://195.23.58.155:8080/streamradio/2007/12/WMS_RM_FILTER/19147582.mp3