Motor de Busca

Google
 

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Fórum Especialidades - Relatório da O. E.

Podem consultar no Enfermagem XXI, o relatório da Ordem dos Enfermeiros, no que diz respeito aos Fóruns Descentralizados sobre as Especialidades em Enfermagem.
Clica na imagem!

domingo, janeiro 21, 2007

Aborto: Uma outra perspectiva


O aborto enquanto gesto contraceptivo é inadmissível. Esta é uma verdade que acredito que qualquer partidário do sim ou não, medianamente esclarecido e bem formado, não hesitará em defender.

Após esclarecer este ponto é preciso promover um olhar critico ao texto J Saraiva. Explicita ele que deve existir uma política de apoio à natalidade que entre outros aspectos facilite a vida às mães solteiras e separadas. Eu acrescentaria a todas as mães. Realmente não é fácil ser mãe e pai (solteiros ou não) com os preços existentes em jardins escolas, com os preços das fraldas, alimentação e todo o negócio em torno da puericultura, para não falar na posterior carreira escolar. Além disso é um perfeito disparate argumentar que a não existência de abortos iria resolver o problema da fraca natividade em Portugal. Seria o mesmo que defender a utilização de baldes com água para combater os fogos florestais no verão.


Discutir a cultura da morte…não! Discute-se, isso sim, a vida com qualidade, a vida desejada, a vida com felicidade, não imposta, mas desejada e acarinhada. Discute-se o direito a ter decisão na sua própria vida e na que pode gerar, com amor e com condições para a criar no seio de uma família feliz ou pelo menos funcional. Assim é possível defender os direitos da criança. Acredito que uma criança planeada e desejada ou não planeada mas desejada tem maiores possibilidades de ser feliz e bem sucedida ao longo da sua existência, ou será que o que interessa é só o momento do nascimento? E depois? E o crescimento?


Politizar esta questão, como faz J Saraiva, apenas permite lançar mais poeira, confusão e irritação para os olhos das pessoas. O aborto é uma questão de saúde pública! O aborto é uma questão de autonomia na decisão do casal! Nenhum partido ou movimento incentiva ao aborto.
O que se pretende é descriminalizar a ingrata decisão de quem, em determinado período da sua vida tem que tomar uma decisão dolorosa e difícil. Argumentar que com a descriminalização o aborto vai proliferar como cogumelos é não querer olhar em redor. Os casais e mulheres (quando decidem sozinhas) que efectuam abortos de modo regular e sistemático, já o fazem. Não precisam de alteração de lei nenhuma. E a actual lei e intervenções politicas e sociais não resolveram este problema, ou resolveram? Alimentam um negocio paralelo, que floresce a olhos vistos com consequências éticas e criando um problema de saúde publica grave. A questão são os outros são aqueles que em situações limite e que lutam por uma existência digna são criminosos apenas porque não podem tomar uma decisão que apenas a eles lhes compete. Ou então vamos negar-lhes o direito à sexualidade e vida sexual? É que acidentes e imprevistos acontecem mesmo com a utilização de métodos contraceptivos.

Melhores condições de vida? Apoios? Como já escrevi: sim. Sempre. Mas o que fizeram os movimentos contra alteração da lei desde o ultimo referendo? Os argumentos eram os mesmos. Qual foi a sua acção no terreno? Com que direito querem e persistem em impor o seu ponto de vista a outros? É que caso não tenham reparado, a alteração da lei não obriga ninguém a abortar, apenas permite que cada casal possa decidir sobre a sua vida familiar e como se constituirá a sua família. Mais, e ao contrario do que alguns afirmam, o momento da concepção não corresponde ao inicio de uma nova vida, a não ser no plano religioso.

Lembra-se ainda que educar uma criança não é só um gosto, comporta uma série de obrigações e deveres que devem ser cumpridos de modo criterioso e com enorme responsabilidade.

Nascer numa família sem as condições mínimas e sem desejo de o fazer por parte dos pais, é condenar precocemente o futuro desenvolvimento de qualquer ser humano; mas depreende-se que crime é abortar e não condenar alguém a uma vida sem afectos propícios a um correcto desenvolvimento moral, cognitvo, social e físico.

O que está aqui e causa não é aumentar o número de abortos, é permitir a escolha a cada casal e não impor a nossa aos mesmos. Repito a nova lei não obriga ninguém a abortar mas facilita a tomada de decisão em consciência.

Com a descriminalização, e com uma acção conscienciosa dos profissionais de saúde, será possível uma melhor e maior intervenção no que diz respeito ao planeamento familiar. Será possível identificar casos críticos com maior facilidade e intervir sobre eles. Todas as intervenções que os movimentos a favor do não defendem devem e podem ser implementadas sem que isso impeça a aprovação do sim. Se assim for estaremos perante uma sociedade mais justa, mais adequada a todos, com melhores oportunidades para todos. Existirão mais gravidezes e sobretudo nascimentos mais desejados e acarinhados.


Fernando Veríssimo Cardoso _ a poucos meses de ser pai.


PS_ um argumento do não tem-me confundido. Devemos votar não porque o país não tem recursos financeiros para suportar a despesa extra provocada pelos abortos. Então se tivéssemos o dinheiro necessário, como afirmam, já votariam sim?

sábado, janeiro 20, 2007

Em plena campanha de Referendo sobre o Aborto, um texto de J. A. Saraiva

JASaraiva, Sol, 06.10.14

A atracção pela morte é um dos sinais da decadência.

Portugal deveria estar, neste momento, a discutir o quê? Seguramente, o modo de combater o envelhecimento da população. Um país velho é um país mais doente. Um país mais pessimista. Um país menos alegre. Um país menos produtivo. Um país menos viável porque aquilo que paga as pensões dos idosos são os impostos dos que trabalham. Era esta, portanto, uma das questões que Portugal deveria estar a debater.

E a tentar resolver. Como? Obviamente, promovendo os nascimentos. Facilitando a vida às mães solteiras e às mães separadas. Incentivando as empresas a apoiar as empregadas com filhos, concedendo facilidades e criando infantários. Estabelecendo condições especiais para as famílias numerosas. Difundindo a ideia de que o país precisa de crianças e que as crianças são uma fonte de alegria, energia e optimismo. Um sinal de saúde.


Em lugar disto, porém, discute-se o aborto. Discutem-se os casamentos de homossexuais (por natureza estéreis). Debate-se a eutanásia. Promove-se uma cultura da morte. Dir-se-á, no caso do aborto, que está apenas em causa a rejeição dos julgamentos e das condenações de mulheres pela prática do aborto e a possibilidade de as que querem abortar o poderem fazer em boas condições, em clínicas do Estado. Só por hipocrisia se pode colocar a questão assim.Todos já perceberam que o que está em causa é uma campanha. O que está em curso é uma desculpabilização do aborto, para não dizer uma promoção do aborto.


Tal como há uma parada do 'orgulho gay', os militantes pró-aborto defendem o orgulho em abortar. Quem já não viu mulheres exibindo triunfalmente t-shirts com a frase «Eu abortei»?Ora, dêem-se as voltas que se derem, toda a gente concorda numa coisa: o aborto, mesmo praticado em clínicas de luxo, é uma coisa má. Que deixa traumas para toda a vida. E que, sendo assim, deve ser evitada a todo o custo. A posição do Estado não pode ser, pois, a de desculpabilizar e facilitar o aborto tem de ser a oposta. Não pode ser a de transmitir a ideia de que um aborto é uma coisa sem importância, que se pode fazer quase sem pensar tem de ser a oposta. O Estado não deve passar à sociedade a ideia de que se pode abortar à vontade, porque é mais fácil, mais cómodo e deixou de ser crime. Levada pela ilusão de que a vulgarização do aborto é o futuro, e que a sua defesa corresponde a uma posição de esquerda, muita gente encara o tema com ligeireza e deixa-se ir na corrente.


Mas eu pergunto: será que a esquerda quer ficar associada a uma cultura da morte? Será que a esquerda, ao defender o aborto, a adopção por homossexuais, a liberalização das drogas, a eutanásia, quer ficar ligada ao lado mais obscuro da vida? No ponto em que o mundo ocidental e o país se encontram, com a população a envelhecer de ano para ano e o pessimismo a ganhar terreno, não seria mais normal que a esquerda se batesse pela vida, pelo apoio aos nascimentos e às mulheres sozinhas com filhos, pelo rejuvenescimento da sociedade, pelo optimismo, pela crença no futuro? Não seria mais normal que a esquerda, em lugar de ajudar as mulheres e os casais que querem abortar, incentivasse aqueles que têm a coragem de decidir ter filhos?

Fim

_________________________________________________________

Este é um dos textos que considero mais pertinentes e interessantes de todos quantos foram escritos sobre este tema, faz-nos pensar na importância das coisas verdadeiramente importantes dos nossos dias...

De qualquer modo muito ainda fica por dizer e escrever! Talvez ainda regresse, um destes dias, a este tema...