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quarta-feira, abril 11, 2007

"A Vergonha"

Porque têm sido vários os frequentadores deste espaço a manifestarem a sua opinião e indignação com o protocolo entre o Ministério da Saúde e as Farmácias, ao mesmo tempo que por um lado se critica a posição (apenas em estrevista pela Exa. Vice-Presidente) da Ordem dos Enfermeiros e os Enfermeiros se revêm melhor no texto publicado no site do SEN, vamos abrir aqui neste espaço a discussão sobre ambas as posições e sobre o que realmente é pertinente tomar como posição pela nossa classe:
Texto do SEN:



"7 de Abril de 2007


Acerca dos negócios entre o Ministro da Saúde e as farmácias (protocolos no dizer deles) discerníamos, perante os dados disponíveis, se estávamos num regime de pouca ou nenhuma vergonha. Por muito que nos custe, temos de admitir que estamos perante a mais perfeita ausência de vergonha.


As fitas que eles fazem para ocultarem as evidências.


É do domínuo público que muitos auxilirase de farm,ácia ( equivalente aos caixeiros das mercearias) praticam ilegalmente a Enfermagem, em flagrante usurpação de funções dos Enfermeiros. os donos das farmácias (farmacêuticos por via de regra e imposição legal) fecham os olhos a esta prática ilegal, pois serve para recompor os magros salários dos atendedores de balcão, já que tais serviços não podem ser contabilizados, o que não significa serem gratuitos. Os auxiliares embolsam esse dinheiro. Os patrões calam e consentem, pois reduzem as despesas da firma, com salários. O fisco também perde, porque estas «gorjetas» não estão sujeitas a tributação como as dos casinos. Os salários baixos não descontam o devido à segurança social. Todos cometem indevidamente e todos calam.


As desculpas são sempre as mesmas: dificuldade de acesso ao Centro de Saude, ainda que do outro ou, no mesmo lado da rua, esteja às moscas, um Centro de Enfermagem Permanente, vítima desta concorrência desleal.


A Ordem dos Enfermeiros, que agora se manifesta contrária ao protocolo de conveniência do Ministro da Saúde, no realinhamento de lucros mútuos (farmácias-governo) já devia ter dado mais atenção às várias denúncias de usurpação de funções (curandeirismo) praticado, às escâncaras, em inúmeras farmácias, que temos feito, prejudicando aqueles Enfermeiros que investem para exercerem, com todo o direito a profissão, em regime liberal. Até hoje, não obtivemos uma resposta. Congratulamo-nos com setas serôdias manifestações de repúdio. Vale mais tarde do que nunca. Mas é pouco; queremos mais e melhor, pelo menos igual à perseguição de colegas, que não pagam as quotas, mesmo que não exerçam, circunstância connhecida dos responsáveis da Ordem.


O Sr. Bastonário da Ordem dos Médicos não perde pitada, para minimizar as competências dos Enfermeiros e vai dizendo que são os Médicos que vigiam as vacinas nos Centros de Saúde, ou deviam ser. Nós acrescentamos que : nem uma coisa nem outra. Nunca tal se viu. quem ministra e controla o Plano Nacional de Vacinas são os Enfermeiros. Os Médicos, quando saem para o campo da prevenção, só dizem e fazem asneiras, pois a sua vocação e fornação é para as doenças, embora queiram meter o nariz, mesmo onde não são chamados. É óbvio que se uma vacina fizer adoecer uma pessoa, o Enfermeiro não hesita em dirigi-la ao Médico, agora sim, no seu âmbito.


O Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos vai dizendo que já há um número, embora reduzido de farmácias, segundo ele, onde com autorização prevista na lei (não diz qual), se dão vacinas. Reconhece que será precisa a contratação de profissionais qualificados (será que se refere a Enfermeiros ou a algum parafarmacêutico?), mas nota que «há farmacêuticos com qualificação em, administração de fármacos».


Sinceramente não conhecemos mas não excluímos essa possibilidade, embora nos inspira dois reparos reais, não hipotéticos, muito sérios:


O primeiro é que deontologicamente o Médico e o Enfermeiro se privam de exercerem nas farmácias a sua profissão, para não sucumbirem à tentação de venderem ao seu Cliente «gato por lebre», como é que, por enormidade de razõpes, o farmacêutico, que se devia privar de administrar os seus «medicamentos» aos Clientes da sua farmácia, está preparado numa área que o não dignifica, nem justifica;


O Segundo é que gostaríamos de ver o farmacêutico a esperar pelos Clientes em horas de funcionamento da farmácia, sobretudo os que passam por lá, mais habitualmente, para ministrarem vacinas, talvez de lotes em limite de prazo...


Diz o ditado que Deus «manda sermos bons e não manda sermos lorpas».


Seguindo a lógica do Ministro da Saúde e do Bastonário dos Farmacêuticos, vamos propor um protocolo para que Médicos, se o entenderem, mas sobretudo os Enfermeiros, vendam medicamentos, com desconto nos seus Centros de Enfermagem Permanente, pois se é verdadeira a dificuldade de acesso à farmácia de serviço. Quantas vezes os doentes ficam sem medicação urgente por não saberem onde fica a farmácia de serviço, nem terem meios para a demandarem!
A grandiosidade destas diferenças reside no facto de uam ser preventiva duma hipotética doença (a vacina) e não justificar interventores espúrios; a outra, salvação duma vida ( a medicação). Curisosamente a farmácia é a mais difícil de encontrar, não obstante a emergência da situação, essa sim, a requerer medidas de excepçãp.


Sendo assim, e disso não temos dúvidas, por que razão o recurso a tamanha violação da ética e Deontologias profissionais de Enfermeiros, Médicos e, sobretudo Farmacêuticos?


Qual o papel da Entidade Reguladora de quê?


Será que passou a «(des) reguladora» sem termos dado conta?


Ou será que só serve para cobrar mais taxa de inscrição repetida.


Se o Bastonário dos Farmacêuticos ao referir-se a pessoal habilitado para dar uma vacina, de quando em vez, está a pensar nos Enfermeiros, a Ordem nossa deve actualizar a lista de incompatibilidades, banindo farmácias, tanatórios e outras, para que esta desculpa deste Bastonário não seja uma farsa Bacoca.


Em nome de nada, pois uma vacina nem sequer é de ministração imediata ou urgente, donde se infere que as vacinas são o tal disfarce, o tal gato mal escondido, o Ministro feriu de morte a idoneidade moral de profissionais que devem ser insuspeitos. E não cremos que o tenha feito por desconhecimento da matéria em que se...


«Vale»!"

5 comentários:

Anónimo disse...

Na realidade, será que aquilo que vai sendo noticiado na TV e nos outros meios de comunicação acerca do P.M.,não servirá,em parte, para "mascarar" aquilo que se vai passando a vários níveis, sobretudo com a saúde?
Será que sou maquiavélica???

Enfermagem XXI disse...

Joana, eu tb não acredito em bruxas, mas que as há... isso, é que há!...

Mas a saúde e sobretudo a Enfermagem está a receber um dos maiores "atentados" à sua independência como profissão com um regulamento de exercício profissional (REPE) há muito tempo bem definido e legislado!

Não podemos permitir e assistir a isto calados e submissos!

A luta é nossa, não esperemos que outros a façam por nós.

Enfermagem XXI

Rosa Silvestre disse...

Enquanto se vai assistindo à "vitíma" P.M., quantas "coisas" estarão por aí "rolando"?
Os portugueses são sempre solidários com quem se vitimiza. Aconteceu o mesmo com Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro e Isaltino Morais.Enquanto isso, vão prosseguindo as "mudanças" na saúde, educação...
Parabéns pelo blog e pelo post!

Anónimo disse...

Realmente isto é um atentado à saude das populações, pôr farmaceuticos a administrar terapeutica, isto só em Portugal, este ministro não percebe mesmo nada de saúde, é apenas um gestor de dinheiros do ministério. A ordem dos enfermeiros está calada, pois esta só serve para receber as quotas e aplicar sentenças a quem põe o pé fora do ramo.
Cada um no seu ramo senhor ministro da saude...!!!!

Anónimo disse...

Caríssimos colegas,
O problema começa mesmo muito lá atrás, quando não entendemos o tempo que vivíamos e aceitámos que a justa reivindicação de autonomia que há décadas vinhamos fazendo, fosse atropelada por um REPE que não diz nada, por uma ORDEM corporativa que, em vez de nos unir nos divide e que, formada da forma que se formou, e por quem a liderou, está a constituir um "cavalo de tróia" que serve mais para nos iludir com "sinais exteriores" de dignidade e destruir em pouco tempo a capacidade reivindicativa da nossa classe. Não interessa quem está à frente da Ordem agora ou quem venha a estar no futuro, enquanto não entendermos aquilo que acima refiro. A OE e o REPE constituem um monumento à inutilidade. A Enfermagem nunca foi tão apoucada quanto o é neste REPE que, tentando definir o que convinha num dado contexto, deixou a enfermagem ainda mais indefinida pois, o facto de se definir circularmente retira todo o sentido a tudo o que é regulado em tal documento. E o mais importante é que a definição não é difícil para quem esteve e está informado e consciente dos caminhos da enfermagem. Já alguém viu os médicos, por exemplo, preocupados com definirem a medicina? Ou os farmacêuticos? ou mesmo os mais recentes psicólogos? Não! Eles estão definidos à partida pela intencionalidade da sua prática e o mesmo tem sido e será a enfermagem. O nosso problema não é a definição da enfermagem, mas a definição dos limites da enfermagem EM CONFRONTO com os demais elementos que intervêm nos processos de saúde/doença. E esta DEFINIÇÂO não pode ser feita unilateralmente. Terá SEMPRE que assumir aquele confronto e, se o não assumir, não conseguirá sair do círculo vicioso em que todos os enfermeiros se sentem mais ou menos lesados. É por isto que, na minha opinião, a questão da autonomia da enfermagem nos sistemas de saúde sempre foi, é e será ainda por muito tempo, por um lado, uma questão de género e pelo outro, sempre, uma questão laboral a ser tratada por um movimento sindical forte e unido e não por uma corporação embevecida pelo seu umbigo e sem capacidade para se CONFRONTAR com nenhuma das suas congéneres no sistema.